A inteligência artificial está a transformar a publicidade de forma radical. Um exemplo recente é o canal de YouTube Pat_pet_pit, que lançou uma série de anúncios de produtos que não existem. Por trás do humor e da aparente loucura destes vídeos, está uma demonstração clara do potencial da IA para redefinir o que significa criar conteúdo publicitário.
Com títulos como “Anuncios y productos locos (IA)”, estes vídeos mostram que, na era da IA generativa, a criatividade individual pode desafiar estruturas tradicionais de produção. O talento de um criativo, armado com ferramentas algorítmicas, consegue hoje executar ideias que antes exigiriam equipas, estúdios, atores e longos processos de pós-produção. O que antes era caro e demorado, agora é instantâneo, limitado apenas à capacidade de formular bons prompts.
Do absurdo à estratégia: produtos impossíveis ganham vida
Entre os produtos fictícios apresentados estão “água em pó”, “creme facial de cocó de pombo” ou “gelado de grão-de-bico com chouriço de Cantimpalo”. Cada anúncio é produzido com coerência visual e sonora, simulando campanhas de grande orçamento. Este tipo de criação mostra que a IA não é apenas uma ferramenta de produção, mas um motor que acelera a experimentação e expande o limite do absurdo publicitário sem riscos financeiros elevados.
A velocidade e volume de produção que a IA permite também mudam a forma como se define a genialidade na publicidade. Antes, a excelência dependia de recursos e infraestruturas. Agora, reside na capacidade de criar, imaginar e interagir com o modelo de IA de forma estratégica. O prompt certo transforma ideias disparatadas em campanhas visualmente consistentes e potencialmente virais.
A nova lógica do talento publicitário
Para os profissionais da área, o verdadeiro valor já não está na força de produção. A IA democratizou o acesso à criação: qualquer pessoa com ideias e conhecimento pode gerar conteúdo de grande impacto. A capacidade crítica passa a ser a direção criativa, o alinhamento estratégico e a coerência com os valores da marca, garantindo que o fluxo quase infinito de imagens e textos gerados não se transforme em caos.
Os vídeos de Pat_pet_pit funcionam como um manifesto: a publicidade não precisa de ser limitada por orçamentos ou processos tradicionais. O poder está na imaginação, na capacidade de provocar, gerar choque cognitivo e capturar a atenção. Produtos impossíveis, absurdos ou bizarros não são erros; são estratégias de envolvimento. O humor, a transgressão e a surpresa tornam-se moedas de atenção num mundo saturado de informação.
O futuro da publicidade é humano, mas amplificado
No novo paradigma, a IA não substitui a criatividade, apenas amplia o seu alcance. A produção deixou de ser um obstáculo; a capacidade de formular ideias originais e de as comunicar de forma eficaz é o que distingue os profissionais mais preparados. Campanhas como as de Pat_pet_pit mostram que, em 2025, qualquer um pode ser produtor de conteúdo de alta qualidade, desde que saiba interagir com a máquina e explorar o absurdo de forma estratégica.
O desafio para as agências tradicionais é claro: já não basta ter músculo de produção. É preciso ser arquitetos do pensamento criativo assistido por IA, capazes de gerir riscos, manter coerência e transformar uma torrente de imagens e textos em campanhas memoráveis. O futuro da publicidade pertence aos que souberem combinar a inteligência humana com o potencial da inteligência artificial.
